A Fábula do Cuidador

Sandra Radin

Marilice Costi foi de uma felicidade ímpar ao valer-se de uma flor, Edelvais, para nos falar de sentimentos e da forma com que nos vinculamos aos outros. Através dessa personagem ela nos convida a irmos também em busca daquilo que a nossa alma almeja.

Vamos encontrar nessa obra também a abordagem extremamente criativa entre a razão e a emoção, entre o feminino e o masculino. Através da suavidade e leveza de Edelvais vemos o quanto ela transita nas emoções e fala de sentimentos através de um feminino maduro e equilibrado. O masculino representado pelo cavalheiro e suas tantas armaduras das quais se vale para não encarar de frente suas dificuldades de se relacionar. Prefere se mantém aprisionado em suas próprias crenças. Aqui somos convidados a refletir sobre as relações homens e mulheres, na dificuldade de entrega, no jogo de sedução e no quanto na maioria das vezes, homens e mulheres falam línguas diferentes e desejam coisas diferentes.

No interdito Marilice provoca a transformação e o amadurecimento desse homem para acompanhar a mulher madura e pró-ativa da modernidade. Nos instiga a fixamos o olhar nas nossas relações muitas vezes marcadas por egoísmo, individualismo e dificuldade de doação e compreensão do outro, bem como, ausência de empatia.

A sensibilidade e a sabedoria da autora ao se valer de uma flor para falar de questões tão importantes no autoconhecimento de cada um de nós, é elogiável.

Sem ficar pesado, falando de forma lúdica, trata do processo de amadurecimento, desapego de crenças limitantes, conquista da liberdade e transformação através de alegorias e metáforas muito bem construídas.

Através da gaivota ela nos convida a não nos conformar com o que esta posto, nos reinventarmos sempre, estabelecermos novos vínculos e alçarmos novos e necessários voos.

Com muita facilidade ela insere outras fábulas, presentes na nossa infância, fazendo com que visitemos e cuidemos de nossa criança interior. O tempo todo os conflitos são encarados com leveza e sabedoria, como por exemplo o medo da solidão e a dificuldade de se desapegar de um amor que não nos complementa, que é tóxico ou doentio. De forma simbólica nos convida a tirarmos as vendas que cobrem nossos olhos e dando asas a imaginação, viver novos desafios e amores.

Poderia seguir escrevendo muito mais, dissecando cada palavra e reflexão da flor Edelvais que tem “miolos de inventar” mas me contenho e encerro com as palavras dessa linda flor.

“Começa outra edelvais assim
que encolhe, esfria, escorre e se refaz,
compondo asas ao sair de mim”

 

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Décio Oliveira Elias,
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