Narrador e foco narrativo

Marcelo Spalding

Muitas vezes confundimos os conceitos de narrador e foco narrativo (ou ponto de vista).

O narrador é quem conta a história, podendo ser, grosso modo, em primeira pessoa (narrador definido) ou em terceira (indefinido). Já o foco narrativo é em quem a narração está centrada.

Um texto costuma ter um único narrador, com mudança de capítulo quando há troca. Já o foco narrativo pode variar de uma cena para outra, e é possivel inclusive que haja mais de um foco narrativo na mesma cena (imagine uma briga de casal, por exemplo).

Quando o narrador do texto é em primeira pessoa protagonista, narrador e ponto de vista se confundem, pois na maior parte da história o ponto de vista será o do narrador.

Já quando o narrador é coadjuvante, como em Sherlock Holmes, o ponto de vista varia e o autor precisa ter tanto cuidado quanto nos casos de narrador em terceira pessoa.

No caso do narrador em terceira pessoa é quando a diferença entre os dois conceitos fica mais clara. Imagine que em um filme o narrador seja a câmera, ela (ou quem está filmando) é que conta a história. Mas quem a camera acompanha? Esse é o ponto de vista.

Confira um exemplo curioso, o curta-metragem Feast, em que a história de um casal é contada a partir do ponto de vista de um cachorro.

Note que o narrador não é o cachorro. O narrador, pensando em conceitos de escrita, é em terceira pessoa. Mas toda a narração é do ponto de vista do cachorro, então tudo o que o espectador irá ver é o que o cachorro está vendo (não sabemos, por exemplo, o motivo da briga do casal ou como se conheceram).

Vale lembrar aqui o conceito de onisciência do narrador. Quando o narrador sabe o que determinado personagem sente ou pensa ou lembra, é porque o foco narrativo está nele. Daí a importância de preferirmos narradores oniscientes seletivos a oniscientes.

Por fim, cuide para não usar focos narrativos demais em uma cena, sob o risco de deixá-la confusa. E procure mudar de parágrafo a cada vez que mudar o foco narrativo, a não ser que haja uma alternância proposital e funcional dentro da cena (como no exemplo da briga de casal).

 

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