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Ainda Nelson Rodrigues
Marta Leiria
No 23 de agosto do longÃnquo 1912 nascia em Recife o jornalista, escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. De 1916 até sua morte, em 1980, viveu no Rio de Janeiro, onde construiu sua vasta obra. Em tempos de glorificação da juventude a qualquer custo e da felicidade plena, especialmente em redes sociais, impossÃvel não lembrar de Nelson. Se até para nós mais velhos, e pretensamente mais maduros, parece que todos - exceto nós mesmos, afinal, nos conhecemos de perto - estão aproveitando a vida ao máximo, com poses retratadas em magnÃficas viagens, festas ou em frente ao espelho, imaginem como se sentem nossos incautos jovens! Não sem razão Nelson aconselhava: “Envelheçam!”.
Lendo “O Anjo Pornográfico”, conheci, para além de seus livros, facetas surpreendentes do escritor. O biógrafo Ruy Castro entrevistou mais de cem pessoas Ãntimas de Nelson e sua famÃlia, reconstruindo essa incrÃvel história que nos faz rir e chorar. Deixou Elza, sua mulher e mãe de seus filhos, e partiu para longo relacionamento com Lúcia, com quem teve uma única filha, Daniela. Chamou-a de “Menina sem estrela”, condenada à cegueira desde o nascimento, para tristeza e profundo sofrimento do casal. Anos após, e depois de muitas mulheres e outros filhos, reatou com Elza, imortalizando a frase “Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor”.
Nelson juntava traição, incesto, crime e as mais variadas formas de sexo em uma única peça e escrito. Não raro mostrava tudo isso na mesma famÃlia, um exagero. Não por acaso foi dito que ele era uma “flor de obsessão”. Na década de 1980, assisti, boquiaberta, à adaptação para o cinema, sob a direção de Neville DÂ’Almeida, da peça “Os sete gatinhos”, estreada em 1958. Nelson escancarou, como poucos e com tanta maestria, “A vida como ela é...” Por que alguns não o suportam? Ora, como ele mesmo dizia, “Toda a unanimidade é burra”. Mas talvez por não aguentarem ver o lado duro e trágico da vida. Não só da dos outros, mas especialmente da própria vida. Sim, por todos os motivos ainda vale homenagear o inesquecÃvel e incomparável Nelson Rodrigues.
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"Fiquei muito satisfeito com o conteúdo da Oficina. Minha experiência com escrita, agora vejo com maior clareza, era inteiramente prática ou intuitiva e, certamente, passível de ser substancialmente melhorada. Gostei muito da orientação obtida através da Oficina e, em particular, da tua avaliação do material dos desafios."
Décio Oliveira Elias,
Rio de Janeiro, RJ
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