Uma obra que já começa oferecendo uma experiência pela capa, que remete às cores e estampas da África, país pelo qual a escritora Rachel Baccarini tem grande afeição e proximidade afetiva.
Depois, à medida que entramos no livro e somos expostos aos contos, somos levados por um vocabulário que a princípio causa estranhamento e curiosidade, mas que, com o desenrolar das histórias, nos aproxima ainda mais delas e dos personagens tão lindamente construídos. Personagens com uma riqueza de detalhes que impressiona a cada conto. Personagens tão humanos quanto cada um de nós. Tão frágeis e tão fortes quanto não sabemos que somos. O menino Mugaza, a menina que chovia, Targino Kundizi e Elena foram os que mais me encantaram, talvez por buscarem na outra margem o que já tinham por dentro.
Rachel consegue em seus contos unir a crueldade dos homens, a fantasia dos sonhos e lendas, a ingenuidade da infância e a cultura de um povo. Histórias que nos convidam a sair da margem de nós mesmos e a nos aprofundarmos no que há de mais rico, a essência das coisas, das pessoas e das histórias.
Um livro cheio de surpresas e detalhes que todos deveriam ter a chance de ler, mais de uma vez se quiserem prolongar os efeitos da leitura.