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Reflexão

Um mergulho nas vozes silenciadas
Luísa Aranha

Em meio ao frenético ritmo da vida contemporânea, onde a informação se propaga à velocidade da luz, surge um questionamento crucial: quais as nossas prioridades literárias? Somos bombardeados por lançamentos, indicações e resenhas, mas será que estamos dedicando o devido tempo para explorar a rica diversidade da literatura, especialmente a produzida por mulheres?

Em minhas aulas, deparo-me com uma cena frequente: alunos me perguntando se já li determinado livro, geralmente um título recente em alta na mídia ou um clássico determinado por algum homem branco, velho, hétero, sentado no topo dos seus privilégios. Confesso que, em muitos casos, a resposta é negativa. Não por falta de interesse, mas, sim, pela vastidão do universo literário e a necessidade de fazer escolhas.

É nesse ponto que surge a reflexão sobre as prioridades. Ao longo da história, tantas escritoras talentosas foram silenciadas, relegadas ao segundo plano ou tidas como meras imitadoras de seus pares masculinos, que me recuso a continuar idolatrando, e que, talvez, não seriam reconhecidos se a violência de gênero não existisse desde sempre.

Hoje, mais do que nunca, é fundamental resgatar essas autoras e suas obras. Ler escritoras mulheres significa ampliar nossos horizontes, conhecer diferentes perspectivas e enriquecer nossa compreensão do mundo. É um convite para desconstruir estereótipos e combater o machismo estrutural que ainda permeia a sociedade.

Ao invés de nos limitarmos às últimas novidades literárias ou aos velhos clássicos de sempre, que tal mergulharmos na obra de escritoras clássicas e contemporâneas de diferentes origens e estilos? Autoras como Virginia Woolf, Clarice Lispector, Chimamanda Ngozi Adichie, Toni Morrison e tantas outras oferecem-nos universos únicos e reflexões valiosas sobre a condição humana.

A literatura não se resume a uma mera lista de livros a serem lidos. É uma experiência que nos transforma, nos conecta com diferentes culturas e nos convida a questionar o mundo ao nosso redor. Priorizar escritoras mulheres é um passo fundamental para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas.

Então, da próxima vez que alguém lhe perguntar se você já leu um livro que você não conhece, aproveite a oportunidade para apresentar-lhe uma nova autora. Incentive a leitura de obras diversificadas e contribua para a construção de um futuro mais plural.


05/11/2024

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  Luísa Aranha

Luísa Aranha é escritora independente, professora, jornalista e blogueira. Publicou mais de 30 títulos, entre dramas, comédias românticas, eróticos, antologias e romances contemporâneos, todos em formato impresso e digital. Também foi semifinalista do Prêmio Sesc de Literatura em 2017 e desde 2020 ministra aulas sobre o ofício da escrita. Mais informações em www.luisaaranha.com.br.

luisa.aranha@gmail.com


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