Fiquei pensando na tua preocupação com a leitura em voz alta, a interpretação do poema, quando muitas vezes ele não apresenta as devidas marcações, ou vem organizado em estrofes que simplesmente cortam o que vinha sendo dito, versos que se quebram no meio para só continuar na linha seguinte, etc. A questão me pareceu interessante, e diz respeito a atores, atrizes e poetas.
Acho que há quem escreva já para a oralidade e sua poesia fica bastaste marcada por isso. Um Castro Alves, por exemplo, já escrevia pensando em declamar, verbo adequado ao perÃodo, para os grandes auditórios e as praças públicas, sem equipamentos de som e amplificador. Esse estilo, uma qualidade em função dos seus objetivos e necessidades, hoje tem sido injustamente visto como um defeito, por se abstrair as condições objetivas de então. Maiakóvski, com aquele estilo escadinha de arrumar os versos, fazia com que cada degrau fosse uma unidade fônica, para ser dita de uma só vez, e o fazia com o seu tÃpico vozeirão em cima das máquinas das grandes fábricas, nos grandes teatros e nas assembleias russas para milhares de pessoas de uma só vez.
É claro que os diferentes aspectos de um poema estão completamente entrelaçados, formam um todo indivisÃvel que significa, apesar da eventual preponderância de um aspecto ou outro.
Existem poemas sem página, como aqueles transmitidos pela tradição oral, e, eventualmente, experiências visuais mais totalizadoras, que excluem a possibilidade da leitura em voz alta.
Gostei muito do teu texto, Sidnei. Eu, que gosto de ler em voz alta, volta e meia me deparo com um poema totalmente avesso à oralidade, e nem por isso deixa de ser um grande poema. Valeu! CLARICE MULLER, Porto Alegre28/03/2013 - 19:38
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