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Literatura

Festa
Sérgio Napp

Pedes que fale da vida como se a vida fosse algo de simples. Não é. Nem sempre a vida nos dá resposta. É caminho que vai e volta ou caminho sem volta. Caminho de chão batido. Caminho longo ou curto. Caminho de asperezas ou de alegrias. Na vida, nem sempre o nome que lembramos é o nome de quem se quer. É quando deixamos os sonhos para encontrar a realidade. É noite em que, nem sempre, a estrela brilha quando a espera é tanta e tão ardente. Há um cheiro que brota das profundezas do mar.

Um cheiro de açucena. Um cheiro que não se dá.

A vida vem de longe. De um mundo que é encantado. A vida traz na mala um bando de sonhos. E, em sua alma, um quê de pecado. Quando, no meio das trevas, há uma alegria feroz, é a vida que, com seus mistérios, se debruça sobre nós. Pode ser o amor chegando com suas teias de espanto. Podem ser sereias trazendo a morte em seus cantos.

A vida é mistério é o que te posso contar. Mesmo que a vida não se decifre, nem se desvende diante de nós. Mesmo que a noite se faça quando aguardamos o dia. Mesmo que a palavra não dita continue impenetrável. Mesmo que os lábios não se abram e a flor do beijo não se faça, continuamos bebendo da festa do riso, da febre da paixão. O adeus, quando é preciso, é punhal que nos atravessa a alma.

Mesmo que este punhal afaste de nós o cálice da esperança, a vida, quando de nós se acerca é festa. Com a blusa cor-de-rosa e sapatos de veludo, trazendo nos dedos algas marinhas e risos de flor no vestido, é festa. Com turbante de miçangas, água de cheiro nos olhos, cantares de lua cheia e boca de quiromante, é festa. Vindo de porta-estandarte e madrinha, cabelos em serenata, braços de amor-perfeito, ginga de luz e poente, é festa. Doce de coco e melado, pele de seda e amoras, luminosamente bela, primaverando alegrias, é festa.

Quando ela chega, a vida, berimbaus cantam na praça, apitos comandam palmas, repeniques dançam versos e os tamborins exclamam notas. O coração dá pinotes, o dia dá cambalhotas e o mundo parece uma festa que não acaba jamais.

Que posso mais te dizer? Que a vida é inconstante? Que ela é surpreendente? Que ela nos desaponta? Que ela nos enfeitiça? Que ela nos desacalma? Que ela nos emociona? Que ela nos desconsola? Que ela nos alimenta? E, no entanto, ninguém nos maravilha mais que a vida. Ninguém nos oferece mais. ninguém nos acalenta mais. A vida é única. Pois cada um de nós e todos somos a vida.


 


15/06/2010

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  Sérgio Napp

Sergio Napp, nascido em Giruá/RS em 03.07.39, é engenheiro civil, escritor e letrista. Premiado em festivais de música no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, tem mais de cem trabalhos gravados por artistas locais, nacionais e internacionais, sendo autor de um dos clássicos do regionalismo gaúcho, Desgarrados, em parceria com Mário Bárbara. Foi Diretor da Casa de Cultura Mario Quintana entre 1987/1991, 1997/1998 e 2003/2007, tendo coordenado a equipe responsável pela reciclagem do Majestic Hotel em Casa de Cultura Mario Quintana.

sergionapp@terra.com.br
www.sergionapp.com


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